+jabá!

Um jornalístico organizado por alunos do curso de Comunicação Social da UFC

Fausto Nilo abre Festival com palestra

FESTCULTUFC

O arquiteto, cantor e compositor Fausto Nilo abre o II Festival UFC de Cultura amanhã, às 9 horas, com palestra sobre reconstrução das cidades nas metrópoles; no mesmo dia, à noite, show com a Orquestra Eleazar de Carvalho

por Raphaelle Batista (3J)

A conferência com o arquiteto cearense Fausto Nilo marcará a abertura do II Festival UFC de Cultura, amanhã (9), às 9 horas, no Auditório da Reitoria. O responsável por importantes projetos arquitetônicos em todo o estado, entre eles o Centro Cultural Dragão do Mar de Arte e Cultura e o Mercado São Sebastião, discorrerá sobre o tema A reconstrução das cidades nas metrópoles.

Mais tarde, às 19h, será aberta a exposição comemorativa do centenário de Patativa do Assaré no Museu de Arte da UFC (MAUC). A mostra trará ao público a história do poeta cearense por meio de fotografias, xilogravuras e textos. Estes terão a assinatura de Gilmar de Carvalho (pesquisador da tradição e Professor do curso de Comunicação Social da UFC), que também é responsável pela curadoria da exibição.

As fotos de Patativa fazem parte do acervo do premiado fotógrafo cratense Tiago Santana, e as xilogravuras são de autoria de João Pedro “do Juazeiro”, que vem se destacando nesse tipo de arte e já teve seu trabalho premiado pelo Instituto Brasil – Estados Unidos (Ibeu – CE), em 1999.

A festa de abertura começará logo após o encerramento da cerimônia de inauguração da exposição, com apresentação da Orquestra Eleazar de Carvalho, na Concha Acústica, a partir das 19h30. No mesmo local, também passarão o cantor e compositor Parahyba, acompanhado da Cia Bate Palmas – grupo musical formado por jovens do Conjunto Palmeiras – e Eugênio Avelino, cantor baiano conhecido como Xangai.

Fausto Nilo

Fausto Nilo se divide entre sua paixão pela música e pela arquitetura

Entre traços e sons

Fausto Nilo nasceu em Quixeramobim (CE), no dia 5 de abril de 1944. Aos onze anos, mudou-se para Fortaleza, onde cursou Arquitetura, na Universidade Federal do Ceará. Em 1971, deixou a capital cearense para morar em Brasília, de onde migrou para São Paulo e Rio de Janeiro, posteriormente.

Respeitado pelo trabalho de sua formação, Fausto também é estimado por seu talento como compositor e poeta. Autor de grandes sucessos da MPB, como Tudo com você, em parceria e interpretada por Lulu Santos, Amor nas estrelas, consagrada na voz de Nara Leão, e Chega de mágoa, conhecida pela interpretação de Gal Costa, o cearense recebeu dois Prêmios Sharp, na categoria Melhor Música Popular, em 1987 e 1995.

Como arquiteto, destacou-se pelo projeto arquitetônico da Ponte dos Ingleses e do Memorial de Antônio Conselheiro, além do Centro Cultural Dragão do Mar de Arte e Cultura e o Mercado São Sebastião. É referência na área de regeneração urbana e participou do desenvolvimento do Plano Diretor de 12 municípios cearenses.

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» Para conferir a programação completa dos cinco dias de festival – de amanhã (9) até próximo sábado (13), clique aqui.

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Bendita herança

Rumor da língua

Kafka acreditou que seus escritos nunca seriam publicados após a morte; Nabokov queria ver queimado seu romance O original de Laura, que ganha edição no próximo dia 17. A história da Literatura prova que eles não foram os únicos a ter testamentos traídos. Acompanhe, na coluna de hoje, uma discussão sobre o destino dos espólios literários

por Thiago Fonseca, colunista do +jabá

Esta semana li algumas notícias a respeito do destino de alguns espólios de escritores que me fizeram pensar bastante sobre o assunto. Em Portugal, não é lá muito difícil encontrarmos leilões de famosos espólios. Há um ano foi a leilão parte do espólio de Fernando Pessoa, contendo manuscritos e objetos pessoais do poeta. A família havia se comprometido a vendê-los ao governo português, mas os constantes anúncios sobre a possibilidade de abertura do leilão inflou o preço atribuído aos lotes e impossibilitou a negociação.

A pergunta é: se cabe à família decidir para onde vão os espólios de Pessoa, por que não destiná-los, por exemplo, à Casa Fernando Pessoa, espaço mais do que apropriado para abrigar as heranças do escritor? Os espólios de Cardoso Pires e Jorge de Sena, outros escritores portugueses, que, infelizmente, não dispõem de um espaço assim, foram doados à Biblioteca Nacional. A família não cobrou um centavo, pois sabiam do valor bibliográfico e cultural que os manuscritos destes dois tinham e a noção de documentação e preservação falou mais alto do que interesses outros. Aliás, manuscritos preservam e enriquecem bem mais a memória do escritor do que adquirir, por exemplo, uma fotografia deste.

Já um manuscrito de José Régio está a ser leiloado em Portugal esta semana. Que rumo terá? O rumo do lance de maior valor. O manuscrito sairá de um recinto pessoal para outro. Que contribuição esse leilão dará aos estudos literários? Os leitores e leitoras de José Régio não poderão ter acesso a um manuscrito seu por não ter dinheiro para adquiri-lo? Destino diferente tomará um manuscrito de Vladimir Nabokov, que até então estava guardado em um cofre forte na Suíça. O filho de Nabokov, Dmitri, resolveu confiá-lo a uma editora e no dia 17 deste mês teremos o lançamento de O original de Laura, um romance inacabado que deveria ter sido queimado e não foi, assim como o famoso Lolita, que foi salvo da fogueira pela esposa do escritor.

Uma versão conta que Kafka morreu obcecado pela ideia de que era necessário queimar seus escritos quando morresse e que havia deixado essa missão a encargo de seu melhor amigo, Max Brod. Uma segunda versão afirma que, de fato, houve o desejo e o pedido, mas para que se queimasse apenas seus escritos pessoais e os ficcionais incompletos. O que importa é que Brod não realizou o desejo de Kafka e foi atrás de publicar o legado kakfiano, entre os quais estão incluídas as obras-primas O processo e O castelo. Se houve algum contrato entre os dois, apenas ele foi endereçado ao fogo.

É importante, no entanto, lembrar que nem tudo de Franz Kafka foi publicado. O tesouro completo ficou a encargo de Brod, que, antes de morrer, decidiu deixá-lo de herança à sua mulher, Esther Hoffe, falecida ano passado. Após a morte de Hoffe, suas filhas herdaram os secretos espólios kafkianos, guardados a sete chaves. Ninguém sabe o que exatamente as irmãs Hoffe guardam. Atualmente, há uma querela entre Alemanha e Israel sobre o direito de posse do manuscrito de O Processo, que foi vendido por Esther Hoffe ao Arquivo de Literatura Alemã de Marbach.

Israel alega que tem o direito, histórico e legal, de ter acesso ao manuscrito, pois, segundo sua legislação, é necessário que, quando haja um material de importância para o país ou para a comunidade judaica, o Estado fotografe-o antes que ele vá para o exterior, o que não ocorreu quando da venda realizada por Esther Hoffe aos alemães. Ainda assim, Israel pode reivindicar tão-somente o acesso a este manuscrito, os demais, confidenciais, terão o destino que as irmãs Hoff bem entenderem. E eu não as condenaria se o destino fosse, enfim, a fogueira.

Thiago Fonseca é poeta aprendiz, faz seu grão de poesia e acha bonita a palavra escrita.

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