+jabá!

Um jornalístico organizado por alunos do curso de Comunicação Social da UFC

Novo curso deve preparar para diferentes mídias

Novo curso de Cinema e Audiovisual, que surge em contexto de incentivo no estado, deve preparar os alunos para atuar em diferentes mídias; para preencher carga horária dos professores, alunos de Comunicação Social irão se beneficiar com disciplinas optativas; +jabá encerra hoje a série começada na última terça-feira

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CineCeará é um dos incentivos à prática do audiovisual no estado; a mostra iberoamericana do festival acontece sempre no Sesc Luiz Severiano Ribeiro (FOTO Divulgação)

por Érico Araújo Lima (4J)

O curso de Cinema e Audiovisual da UFC, que começa a funcionar em 2010, provisoriamente na Casa Amarela, deve buscar a experimentação de estéticas, a pesquisa de linguagens e a realização artística. O audiovisual deve ser pensado, segundo a professora Beatriz Furtado, coordenadora do novo curso, como “espaço de expressão, de criação” e não deve estar limitado ao cinema.

“O audiovisual não é só a sala de cinema, ele está no museu, nas galerias, na internet, nas diferentes mídias”, destaca Beatriz. Disso resulta a importância de uma formação que se preocupe com as diferentes linguagens e com a relação do audiovisual com outras áreas, como a dança, as artes plásticas, a música, a literatura.

Segundo Beatriz, é uma filosofia que já norteia cursos como a Escola pública de Audiovisual na Vila das Artes e a Especialização em Audiovisual na UFC.  “A gente não pode ficar pensando só o cinema: é o cinema como base, como fundamentação, mas na articulação que ele faz com as outras linguagens”, afirma Beatriz.

A formação dos alunos ao longo da graduação estará focada na prática, mas também abre possibilidades para a reflexão teórica e a pesquisa acadêmica. “O curso de cinema e audiovisual é um curso prático. Mas claro que o aluno que quiser seguir uma carreira acadêmica, a gente também vai dar suporte, isso é inevitável”, afirma o professor Marcelo Dídimo, que deverá ser o vice-coordenador do novo curso.

Ele aponta que grande parte da pesquisa em cinema e audiovisual pelo país tem ocorrido em áreas correlatas, através de linhas de pesquisa nos diferentes programas de pós-graduação das universidades. O Curso de Comunicação Social da UFC, por exemplo, já tem uma linha de pesquisa voltada para o audiovisual no Mestrado.

“Então a idéia é que essa linha de pesquisa fortaleça o curso de graduação e que a graduação fortaleça essa linha de pesquisa, até que um dia o curso de graduação possa ter seu programa de pós-graduação voltado para cinema e audiovisual”, projeta o professor.

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O festival de audiovisual universitário Nóia chegou este ano à sua oitava edição

Audiovisual no Ceará

“Já há um certo tempo que o Ceará é conhecido como um pólo de realização cinematográfica no Brasil”, aponta Marcelo. Ele destaca uma série de movimentos que historicamente incentivaram e fortaleceram o audiovisual no Ceará, como o Festival de Cinema Cine Ceará, os trabalhos empreendidos pela Casa Amarela Eusélio Oliveira e pelo Instituto Dragão do Mar de Arte e Cultura, além dos recentes cursos de formação da Vila das Artes e da Unifor (Universidade de Fortaleza).

“O curso de Cinema e Audiovisual da UFC vai incrementar a produção local, não só a produção de realização de filmes, mas a produção de mão-de-obra qualificada e formada aqui”, afirma o professor. Segundo ele, será possível superar uma recorrente dificuldade do mercado local, que precisa com freqüência chamar profissionais de fora para realizar produções no estado.

Com o curso instalado na UFC, espera-se que o audiovisual cearense seja fortalecido em todos os âmbitos. “A idéia é que o profissional que saia do curso de cinema e audiovisual esteja preparado para trabalhar em qualquer área do audiovisual”, diz Marcelo.

O diretor da Casa Amarela também destaca a importância do curso de Cinema e Audiovisual da UFC. Segundo ele, o Ceará passa a ser o único estado do Nordeste com dois cursos de formação superior em audiovisual. Wolney conta que a idéia de criar um curso de cinema é antiga e vem desde a época do então reitor Roberto Cláudio.

O projeto se chamaria FACA (Faculdade de Arquitetura, Comunicação e Arte) e tinha a participação ativa da Casa Amarela. Segundo o diretor da casa, o surgimento do novo curso de cinema foi natural e “viria independente da Casa Amarela, como veio”. “Só lamento que nunca fomos chamados para discutir. Não sei nem como é o curso. Ninguém aqui nunca foi consultado. Falo isso sem nenhuma mágoa”, afirma Wolney.

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» Um curso de Dança pode ser criado nos próximos anos. A professora Beatriz Furtado defende a instalação desse novo curso, como resultado de um movimento forte por formação na área. Segundo o diretor do ICA, professor Custódio Almeida, o curso seria muito bem-vindo. Uma proposta informal foi apresentada, mas ainda seria preciso definir se o curso iria para o ICA ou para o Instituto de Educação Física e Esporte. Custódio defende uma parceria entre os dois institutos.

» O curso de Cinema e Audiovisual deverá sediar o congresso da Socine (Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual) no ano de 2012.

» No primeiro semestre do curso de Cinema e Audiovisual, para preencher a carga horária dos novos professores, devem ser ofertadas disciplinas optativas a outros cursos, como o Curso de Comunicação Social.

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Professores precisam ser também realizadores, afirma Beatriz Furtado

Os horários do novo curso de Cinema e Audiovisual, segundo ela, deverão ser flexíveis para que “o professor não deixe de produzir porque está dando aula”; na Casa Amarela, sede provisória, projecionista tem de ser pago com dinheiro dos exibidores

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Para Beatriz Furtado, o professor do novo curso de Cinema e Audiovisual deve ser também realizador (FOTO Lara Vasconcelos)

por Érico Araújo Lima (4J)

O processo de seleção para professores do novo curso de Cinema e Audiovisual, que começa a funcionar a partir do próximo ano, já está em andamento. Foram realizados concursos para quatro áreas de estudo: Som, Fotografia/Iluminação, Produção e Teoria da Arte, do Cinema e do Audiovisual. Os professores aprovados ainda devem passar por fase de contratação pela Universidade. Os próximos concursos serão para as áreas de Edição/Montagem e Realização/Direção.

A professora Beatriz Furtado aponta que o perfil desses professores deve aliar experiência no campo acadêmico e na parte prática. “Há uma dupla preocupação: a maioria ou terminou ou está terminando o doutorado. Junto com isso há um perfil de realizador”, diz.

Para Beatriz, é ideal, por exemplo, que o professor do setor de Direção seja também um realizador e que continue dirigindo filmes. Os alunos poderiam, inclusive, acompanhar o professor durante a realização audiovisual. “Vamos ter que adotar uma flexibilidade para que o professor não deixe de produzir porque está dando aula”, defende a professora.

Já foi feita também seleção para servidores, nas áreas de operação de câmera e edição. Beatriz afirma que pelo menos mais 2 ou 3 concursos devem acontecer. O curso precisa de pelo menos um funcionário da área de informática e de mais um editor e um operador de câmera.

Mas a professora não quer que os alunos fiquem dependentes dos técnicos. “Meu propósito é fazer com que os alunos saibam operar tudo, que os técnicos estejam ali pra ajudar e dar manutenção. Já se foi o tempo em que a gente achava que dava alguma ordem, e o técnico executava”, defende.

Na Casa Amarela, um dos principais problemas é a falta de pessoal. O diretor da Casa afirma que sempre solicita concurso para funcionários, mas ainda não foi atendido. “Não tem nem telefonista pra atender o público, mas por falta de pedido não foi”, afirma Wolney.

Ele diz que compreende a situação, que “acontece em todas as universidades públicas brasileiras, sobretudo nos setores ligados à área cultural”. A projeção na casa, por exemplo, fica a cargo de um freelancer, que precisa ser pago, taxa que é cobrada a quem for realizar exibições de filmes no local.

Segundo Wolney, a cobrança “não é nada do outro mundo” e foi combinada com o pró-reitor de administração, professor Luis Carlos Saunders. Para o curso de cinema, a cobrança não deverá ser feita, já que os técnicos estarão capacitados para operar o equipamento da Casa Amarela, e um projetor só para o curso deve ser comprado.

» Amanhã, na última reportagem da série sobre o curso de Cinema e Audiovisual, conheça o perfil do profissional que deverá entrar no mercado de trabalho.

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Curso novo em 2010, casa nova só em 2011

O novo Curso de Cinema e Audiovisual começa a funcionar na Casa Amarela Eusélio Oliveira em 2010. A sede é provisória: a mudança para o prédio do ICA deve ocorrer em 2011. O +jabá inicia hoje uma série sobre o assunto

Diego Normandi

A Casa de 1971 recebe o curso de Cinema e Audiovisual que irá funcionar em 2010 (FOTO Diego Normandi/Divulgação)

por Érico Araújo Lima (4J)

Novos cursos começam a funcionar na Universidade Federal do Ceará a partir do próximo ano. Um deles é o Curso de Cinema e Audiovisual, que faz parte do Instituto de Cultura e Arte (ICA). Mas, segundo o cronograma atual, o prédio do ICA só deve ficar pronto no primeiro semestre de 2011: a solução encontrada para pôr o novo curso em funcionamento já em 2010 foi adotar a Casa Amarela Eusélio Oliveira como sede provisória. Mas se o projeto para o curso no ICA prevê uma estrutura que conta com novos equipamentos de cinema, um grande estúdio e galpão para cenário, o que tem a Casa Amarela?

Segundo Wolney Oliveira, diretor da casa, “tecnologicamente, a Casa Amarela é zero, há muito tempo. Em relação a equipamentos de cinema, não tem nada. Só dá pra fazer o feijão com arroz”. Mas Wolney dá as boas-vindas: “Estamos de braços abertos para receber o curso. A Casa Amarela já é um point cultural do audiovisual”.

Para que a carência estrutural do anexo cultural da UFC não prejudique o funcionamento do novo curso em seu primeiro ano, foram verificadas as necessidades de adaptação da Casa Amarela: uma estrutura provisória deve ser instalada especialmente para o Curso de Cinema e Audiovisual.

Segundo a professora Beatriz Furtado, que deverá ser a coordenadora do curso, uma série de equipamentos já passou pelo processo de licitação: o ICA deve comprar duas ilhas de edição Mac, duas câmeras e um projetor. Serão preparadas também uma sala de professores, uma sala para a coordenação e uma estrutura básica para o funcionamento de duas salas com recursos de audiovisual (projetor, computadores, telão).

O curso deve funcionar pela manhã, podendo ter algumas disciplinas à tarde: o planejamento é para que os horários não choquem com os cursos de extensão ofertados pela Casa Amarela. “Acho que com isso nós vamos estar com uma estrutura bem legal”, avalia Beatriz. “Se a gente pudesse começar já com tudo pronto seria ótimo, mas como é uma turma só, de 40 alunos, com duas boas câmeras, com duas boas ilhas, já é uma coisa boa”.

Dois anos seria o tempo limite para a permanência do curso na Casa Amarela. A possibilidade de atrasos nas obras do ICA é reconhecida por Beatriz como parte da burocracia do setor público, mas não deve afetar muito o andamento do curso num eventual segundo ano na Casa Amarela, já com duas turmas. “80 alunos é muito pouco ainda. Com a segunda turma, se a gente continuar em 2011 até o fim do ano, pode ser que dê algum problema, mas a gente vai resolvendo. O que a gente não pode é ficar esperando tudo ficar pronto”, diz a professora.

Avaliação semelhante faz o diretor da casa que recebe provisoriamente o curso. Wolney Oliveira acredita que, até o final de 2011, o prédio do ICA deve estar concluído: até lá, seria possível acomodar o curso de Cinema e Audiovisual, mas “em 2012, já não teria condições”.

Segundo o professor Custódio Almeida, diretor do ICA e pró-reitor de graduação, “cronograma em universidade pública é sempre um problema”. A obra do prédio do ICA teria sofrido atrasos por razões como problemas nos processos de licitação da empresa responsável pelas obras, pela demora na definição do local para o projeto e pelo período de chuvas do início do ano.

“Por conta disso, a obra tem um problema de cronograma, que pode ser vencido”, pontua Custódio. Segundo ele, a empresa pode acelerar e vencer o atraso, “botar mais operários no canteiro de obras”.  Ele justifica as dificuldades ainda com o tamanho do empreendimento: “de todas as obras que estão sendo feitas na UFC, a gente pode dizer que o prédio do ICA é a maior de todas. Ele não é uma unidade didática apenas, ele é uma unidade acadêmica”.

Custódio defende que o curso de Cinema e Audiovisual seja implantado logo, mesmo com o prédio do ICA ainda por ser concluído. Ele destaca a necessidade de garantir a contratação de professores: o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão  das Universidades Federais (Reuni) estabelece que, em 2012, já não podem ser contratados novos professores com as verbas do programa.

Segundo o pró-reitor de graduação, as contratações para o corpo docente, iniciadas em 2008, podem ir até 2011. “Então nós teríamos duas posições: ou abrir  o curso de cinema a partir de 2010 com todas as garantias de professores, servidores e infraestrutura, com problemas apenas em cronograma, ou adiar o curso pra 2011 e ter problemas, por exemplo, com a impossibilidade de contratar professores, servidores”, defende Custódio. Os concursos, feitos em blocos, já foram realizados para 60% de todos os professores do Reuni.

» Amanhã, na continuação da série sobre o curso de Cinema e Audiovisual, a futura coordenadora Beatriz Furtado explica o perfil que devem ter os novos professores contratados.

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